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Escute o algoritmo do mundo aqui de fora.
Onde a gente dança, onde a gente canta,
Onde a gente canta, onde a gente dança
algum ritmo que toque lá dentro.

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Reinvenção pluriversa

dos estilhaços 

 

          No início todo o poder estava nele investido. Solitário, comandava o universo até a chegada de Atunda, seu auxiliar na criação. Invejoso do umbuzeiro que era Orixalá, o servo rola um rochedo do topo. O rochedo estilhaça a divindade. Estilhaça-a em incontáveis pedaços. Pedaços que passam a constituir, cada um, pluriversos – meu mundo, ar-palavra, deus abandonado, dna de cristo, pra gente dançar, vherá, vez em quando sufoco, salve-se quem souber, obrigado, igualmente, tá no sangue, nuvens e umbu. Pluridade sem caos, morte concebida como fissura que se resolve na pluridade da arte, jamais, jamais na extinção. Ecoando o poeta Oliveira Silveira em “Negro no sul”, pluriarte cujas ondas nos libertam de mil disfarçadas senzalas prisões diabo a quatro onde tentam nos manter agrilhoados.   

 

          Pluriverso sonoro e imagético que empresta algo de sombra, de aconchego, às vezes algo de sol e de incômodo. Suas raízes recolhem águas, águas das chuvas, das enchentes, das enxurradas, do mate amargo. Mas também a água da secura. Em época de escassez, seus som e sopro,  alimentam mais que um prato de arroz com amor. Pode viver cem anos. Ou mais. É  existência,  por isso dá samba, “samba que sobra da gente, na gente que sobra do samba”.  E semba!

 

          Versado da língua iorubá para o pretuguês, um dos sentidos de Atunda, e uma das dimensões de Orixalá - a criação – reside na palavra mão. A palavra mão que faz, que toca, que joga, que estilhaça, tão suja quanto a palavra pé, ambos, com pedaços de nuvens, improvisam  horizontes pelo retrovisor, um retrovisor que bem poderia ser o espelho de Oxum.  

 

          Servindo-nos da concepção de Améfrica, esse prato saboroso e desconcertante servido por Lélia Gonzáles, o projeto UMBU permite circular por seu tronco e folhas parte da seiva feita pelas raízes das tradições bantus, iorubás, guaranis, charruas, ressonando uma singular amefricanidade meridional.  UMBU, quase UMBUNTU, versa, canta, veste e se reveste da língua meridional dos ancestrais, fontes de existência, permanência e recriação, muito boa recriação.

 

          Auetu!

 

         

         

 

        Eliane Marques | @elianemarques.escritora

        Romancista e poeta​​​​​​​​

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